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Sê bem-vindo ao meu mundo de ideias e contradições







sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aniversário

De festa em festa,
a porta se fecha.
De ano em ano,
o sol passa a fresta.
De tempo em tempo,
percebo um tempo vento
que passa e uiva
e passa
e cansa.
Um ócio fiel
acompanha a ânsia
de que, como o poema,
o passado é esquecido,
isola-se o tema
e o fim é bem-vindo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pra ela

Ergue-se a mim uma sombra inóspita
Quebrou-se, assim, a imagem imóvel
Soou pelo cômodo um som alto de instrumento desconhecido
Cambalearam minhas pernas,
Assuntou meu coração,
De ódio que um dia encheu-se
Pôde esvaziar de um todo
O nada que lhe prenchia.
Em uma desordem meticulosamente ordenada
Apresentou-se o ramo da flor
Quebrou a opacidade da vida
E forçou a visão além da vista.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bola

Vidro quebrado
e o menino grita:
"Quem chuta, busca!"
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Escrito por volta de 2004 para um trabalho da escola.

sábado, 31 de julho de 2010

Aperto

Sinto-me dolorido,
desconfortável e desprotegido.
Meu pensamento tem somente um caminho,
tentei esquecer, inútil.
Irritado com o algodão e linho.
Em público, tentativa sutil
de ajeitamento.
Na primeira parada
que me encontrar só,
arrancarei, ficarei com nada.
Sinto-me como um nó.
Odeio cueca apertada.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O vento

O vento soprou
como há tempos não soprava.
Levou consigo os ares impuros,
trouxe novos arrepios.
O vento soprou
Levou consigo versos velhos,
trouxe novas rimas, metonímias,
novas visões.
O ventro soprou
trouxe consigo tudo
que de alguém levou.
O que mais posso dizer,
se minhas palavras foram levadas
pelo vento que soprou?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Meio a meio

Tenho um lado gelado
e outro bem aquecido.
Um dos lados me esfria
o outro me esquenta.
Contraste ideal
ou desleal
que me permeia.
Sofro com o caso,
que ao dormir
perdi um pé de meia.

domingo, 20 de junho de 2010

Velhas histórias

Um sonho, um livro, uma história.
Sempre as mesmas velhas histórias
moral com isso ou com aquilo.
Mudam-se os personagens
mas a história se repete.
Fecha um ciclo e abre outro
com as mesmas histórias velhas.
E nesse roteiro de novela
nada muda e a vida é bela.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Reflexão em sol maior

Meu reflexo é o que temia.
Minhas visões atroam os pensamentos,
faltam-me sentimentos.
Minha mão continua fria.
Entrei em um jogo relapso,
inanimado e superficial
de imagens introspectivas.
Os versos são os mesmos,
os dias, tão comuns.
Os temores aumentaram
quase geometricamente.
Neste mar que por vezes navego
me contradigo ao dizer
que pelo poder de ver
me tornei cego.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fotografias

Olhares esfomeados
devoram meus pensamentos.
Em frente ao espelho, ilusões.
Tento recordar bons tempos
tenho somente falsas recordações.
Acordo no mesmo horário
o relógio parou.
Nos sentimos retardatários
do tempo que passou.
Procuro saber quem sou
de informações, demente.
Ideias livres de fundamentos
prisioneiro da própria mente.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Entre dois

Venci.
Tinha tudo em minhas mãos,
tudo que julguei necessário.
Apostei tudo o que tinha,
nem pensei. Estava ganho.
Passou-se o tempo e,
então, percebi que
quando achei que tudo tinha
nada tive.
Vi muitos blefes
e nunca cri.
Quando foi real
pensei ter, em minhas mãos,
o jogo necessário.
Perdi.
Caí em um poço sem fundo
de desilusões.
Preciso parar de jogar pôquer.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Vida

Sinto falta
de alguém que nunca esteve aqui.
Tenho saudades
de um tempo que nunca vivi.
Esperei o tempo dizer sobre o futuro
esqueci-me que ele é bipolar
que ele viaja veloz
e é difícil de alcançar.
Caí de lugares altos,
andei com os pés no chão.
Vi flores nascerem em asfaltos
exalarem vida, sem cores
em meio a multidão.
Leio, me perco, escrevo e esqueço
que ela sempre esteve aqui
esperando o recomeço.

Urbanização

Andando pelas ruas
ouço passos na calçada
não vejo ninguém ao meu redor.
No chão, as folhas secas das árvores
tomam várias formas,
de lata, plástico e papel.
A manchete nos informa:
mataram três
O relógio voa para o medo.
Ando mais um pouco,
que brisa revigorante
que veio do Dilúvio.
Subi em uma árvore,
para ver o pôr-do-sol.
Ao fundo, no horizonte,
a fumaça preta e densa da chaminé
corta o céu azul, já com tons alaranjados.
Já está tarde e estou indo embora
quando percebo.
Malditos!
Roubaram minha bicicleta.

Circular

Caiu.
Ficou ali, nas mãos dele
sua aparência era horrível:
morto e branco.
Ficaria assim, até aparecer outro
Ficou atônito
que de uma batida foi ao chão.
Ainda escorria sangue em sua pele,
olhou-me escondendo um sorriso
e disse:
Ainda bem que o dente era de leite.